quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Um junho que prossegue...



Foto: Ramiro Furquim/Sul21

“Não é por vinte centavos”...

Há algo de novo nesse junho que não acabou. O projeto desenvolvimentista – sustentado pela burguesia, os monopólios e o latifúndio – tem como centro a maximização dos lucros, passando por cima de direitos fundamentais, como moradia e transporte. Contrariando os discursos dos governos que pintam um Brasil em grande desenvolvimento - com ampla distribuição da riqueza, democracia e justiça social - a juventude, aliada a amplas camadas populares, saiu às ruas expressando sua indignação. A juventude brasileira tem mostrado que não quer ver seu transporte, sua educação, seu lazer, sua arte, sua vida, transformados em mercadoria, indicando um caminho para uma vida sem catracas: a mobilização popular. Mobilização que tem sido criminalizada e reprimida pelas polícias e até exército, mostrando a face antidemocrática deste projeto de sociedade.

Somos estudantes, e temos muito a ver com tudo isso!

Neste contexto de lutas populares a disputa que novamente se abre é de projeto de sociedade. A universidade não está isenta desta disputa. Lutar pelo caráter público da universidade é se opor à ingerência cada vez maior da iniciativa privada em nossa formação e produção de conhecimento. Para nós, a única forma de se contrapor ao projeto privatista em curso é apresentar um projeto alternativo e popular de universidade, para além da lógica do capital.

O Movimento Estudantil precisa de estratégia política!

Nos princípios da década de 1960 – anos anteriores ao golpe empresarial-militar – o movimento estudantil brasileiro se engajou na construção de um projeto de educação universitária que respondesse às demandas das camadas populares, juntando-se aos trabalhadores na luta pelas reformas de base (reforma agrária, reforma urbana, reforma educacional, etc.). Neste período, construíram-se Seminários Nacionais Pela Reforma Universitária, que tinham como objetivo promover uma discussão sobre para que(m) deve servir o conhecimento produzido nas universidades públicas. Em tais seminários se definiu que a luta universitária não deveria se restringir às demandas da universidade, mas sim responder às demandas populares como um todo.

Buscamos resgatar essa luta, construindo um projeto de luta por uma universidade popular.

Para tal construção, temos como tarefa imediata a defesa intransigente do caráter público de nossas universidades, e a isso entendemos que ensino, pesquisa e extensão devam ter financiamento 100% público e que devam servir aos interesses do povo, sem sofrer ingerências da iniciativa privada.
Propomos assim, o fortalecimento de movimentos por uma universidade popular construídos de baixo para cima. Nós construímos e tivemos uma série de experiências dentro e fora da UFRGS, dando força para iniciativas como o Grupo de Trabalho Universidade Popular (GTUP), bem como a diversos projetos de pesquisa e extensão popular, sempre respeitando suas autonomias.

Para que(m) serve um DCE?!

Acreditamos que a luta por uma universidade popular é uma luta que deva ser travada em várias frentes. Devemos, desde baixo, fazer um trabalho de formiguinha, construindo espaços de diálogo junto aos estudantes –especialmente os que dependem de assistência estudantil, moradores da casa de estudante, estudantes trabalhadores, mães, cotistas – para junto a estes construir agendas de lutas, mobilizações e organização. E igualmente estarmos presentes nos debates acerca das entidades, como Centros e Diretórios Acadêmicos, Executivas de curso e o Diretório Central dos Estudantes. Tanto o DCE como as demais entidades devem ser ferramentas que impulsionem essas lutas e possam ser espaços democráticos, não só de representação, mas fundamentalmente de participação dos estudantes.
Neste momento eleitoral, é responsabilidade nossa dar uma resposta à disputa que se apresenta. Diante da conjuntura política que vivemos com a proximidade da copa do mundo e à intensificação das lutas populares, é nosso dever refletir sobre esse processo. Devemos identificar quem esteve ao lado das classes populares nas mobilizações e quem esteve defendendo o projeto desenvolvimentista dos governos. Devemos igualmente identificar aqueles que estiveram ombro a ombro conosco e com os estudantes pobres nas lutas próprias da universidade.
Se fizermos essa reflexão, constataremos que os companheiros que hoje compõem a chapa 1 - “Nada será como antes...” - estiveram construindo as mobilizações pelo transporte público de qualidade, pelas ações afirmativas, contra a resolução 19, pelos espaços estudantis, entre outras. Entendemos que, mesmo com uma gestão passível de críticas em vários aspectos, é notório o esforço dos companheiros para aprimorar o modelo de funcionamento da entidade e sua intransigente luta pelo caráter público de nossa universidade.
Dentre as opções que se apresentam, é a chapa 1 a única capaz de manter o DCE nestas trincheiras e ainda evitar o retrocesso de uma possível vitória de setores que apoiam o projeto desenvolvimentista, privatista e antidemocrático de universidade e sociedade.
Nesse momento, privilegiaremos outros espaços em que atuamos, como grupos de extensão popular, cursinhos populares, entidades estudantis de base, movimentos sociais, entre outros, e por isso nossas organizações decidiram não compor este ano nenhuma chapa para o DCE. Entretanto, de forma independente, nossa posição é chamar nossa militância, amigos e simpatizantes a votarem na chapa 1 - “Nada será como antes...”, por um DCE independente das reitorias e governos, que consiga superar seus limites e fragilidades na práxis da luta por uma universidade pública e popular.

Saudações comunistas!

Porto Alegre, 13 de novembro de 2013.

Juventude Comunista Avançando (JCA)

Juventude Liberdade e Revolução (LibRe)

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