quarta-feira, 3 de março de 2010

População pobre e trabalhadora sofre com falta de abastecimento


O estado de catástrofe decretado pela presidente chilena após o caos que se instalou nas regiões de Maule e Bío-bío, causado pelo terremoto ocorrido no último sábado (27), tem gerado descontentamento de parte da sociedade. Isso porque, junto com o decreto, uma série de ações que prejudicam a população pode ser colocada em prática.
Tomada de decisões administrativas nas mãos das Forças Armadas, toque de recolher e suspensão das liberdades de reunião e de associação são apenas algumas situações vividas por moradores dessas regiões. Em Concepción, por exemplo, o toque de recolher foi estendido para 18 horas. Agora, segundo informações de agências, o toque começará às 18h e se prolongará até as 12h do dia seguinte.

Segundo comunicado divulgado ontem (1°) pelo coletio Clase contra Clase, as iniciativas tomadas até agora são apenas para proteger alguns setores da sociedade, como o empresariado. Enquanto isso, pobres e trabalhadores seguem com fome e na miséria, sem nenhuma resposta do governo. Não há comida, luz e água nas regiões mais afetadas pelo tremor que deixou pelo menos 723 mortos.

"Suspenderam as liberdades de reunião e associação, e a Defesa Nacional se fez cargo da situação para restaurar a ‘ordem pública’, quer dizer, proteger a segurança da classe patronal ante os focos de saques cada vez mais evidentes, não só nas regiões antes mencionadas, com Concepción como seu principal setor, mas também em comunidades pobres e trabalhadoras de Santiago, como Quilicura ou Lampa", afirma.

Segundo o movimento, os saques - condenados pelas Forças Armadas e pelo governo - são atitudes desesperadas de pessoas que ainda não tiveram nenhuma resposta para a situação. Por conta disso, Clase contra Clase chama as organizações sociais a realizar mobilizações sociais contra a crise social que está sendo evidenciada por causa do desastre e a organizar, juntamente com a Central Única de Trabalhadores (CUT), comitês para distribuir mantimentos aos pobres e trabalhadores.

A ideia é promover ações - que podem ser realizadas juntamente com as manifestações do 8 de março, Dia Internacional da Mulher - contra a presença de militares nas ruas e contra as empresas que construíram casas de baixa qualidade para as pessoas pobres. A reforma urbana também é uma demanda de Clase contra Clase, que pede a expropriação de imóveis desocupados para transformá-los em abrigos temporários "até que se reconstruam as casas dos pobres com condições dignas".

Em pronunciamento hoje, a presidente Michelle Bachelet disse que não vai aceitar ações de pequenos grupos que estariam se aproveitando da situação em que se encontra o povo chileno afetado pelo terromoto.

"Entendemos perfeitamente as angústias e necessidades do povo, mas sabemos perfeitamente que há acões delinquentes de pequenos grupos que estão provocando enormes danos materiais e humanos, o que não vamos aceitar", afirmou.

Mapuches

A situação dos povos mapuches no Chile também não é diferente da maioria da população. De acordo com informações da Identidade Territorial Lafkenche, o terremoto do último sábado destruiu boa parte do território lafkenche em três das quatro regiões do sul do Chile.

Centenas de mapuches morreram por ocasião do sismo e vários ainda estão desaparecidos. Além disso, segundo comunicado da Identidade Territorial Lafkenche, as comunidades sofrem com a falta de abastecimento. Para completar o problema, a comunicação está cortada na região e os caminhos para as comunidades foram destruídos.

Escrito por Karol Assunção, jornalista da Adital

Um comentário:

AF Sturt Silva disse...

Esse fator é caracteristico de países capitalistas em crise.Isso também foi visto no Haiti!