sexta-feira, 12 de junho de 2009

Massacre indígena no Perú

Nos últimos dias 5 e 6 de junho a Amazônia peruana foi cenário de um verdadeiro massacre. Dezenas de pessoas foram mortas na localidade de Bágua enquanto protestavam conta o tratado de livre comércio (TLC) assinado pelo governo peruano com os Estados Unidos. O acordo prevê a exploração de recursos minerais e petroliferos na região, causando a devastação de uma área que é fonte de recursos para os indígenas. "Para nós, os povos Awajun Wampis, a floresta amazônica, é parte de nossa existência e desenvolvimento, aqui construímos nosso bem-viver: é a nossa despensa, nossa área de produção, a nossa biblioteca, a nossa farmácia, o nosso banco de sementes e de viveiros, a nossa escola. Em suma, é o nosso sentimento e cosmovisão como povo indígena. E agora está ameaçada, porque os decretos que exigimos a revogação estão feitos de tal forma que asseguram que as concessões minerais e petroleiras sigam adiante, destruam parte da floresta e contaminem as fontes de água", pontuaram as comunidades indígenas.

Para os articulistas Yvon Le Bot e Patrick Razon, "o que acontece no Peru é uma ilustração dramática de um problema que se tornou crucial em toda a América Latina: a exploração do subsolo e a devastação do meio ambiente em detrimento aos povos autóctones e à biodiversidade".

O presidente peruano se defende, afirmando ter havido um "genocídio de policiais" e não de manifestantes, e que se fosse o contrário a repercussão teria sido maior. Os dados sobre as mortes são muito díspares. O governo afirma que foram 24 policiais mortos contra 9 indígenas. Dados da Associação Interétnica para o Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep) registram mais de 40 falecidos. Contudo, informações fornecidas por representantes do povo Awajun indicam que o número de mortos ultrapassa 60 pessoas, dentre elas, 30 indígenas.


Mesmo após o massacre, a resistência a exploração estrangeira dos recursos do país continua. Ontem o dia foi de mobilizações em todo o território peruano. A paralisação parcial de 24 horas convocada por entidades sindicais e movimentos populares reuniu milhares de pessoas. Em Lima, capital do país, trabalhadores marcharam pela cidade em apoio aos indígenas tendo como destino o Congresso Nacional - aonde os parlamentares vinculados ao Partido Nacionalista Peruano (PNP) tinham bloqueado as sessões de trabalho - mas foram dispersados pela polícia que lançou bombas de gás lacrimogêneo, em meio ao caos no trânsito e fechamento de comércios.

No Brasil, os participantes do Simpósio Internacional Mudanças Climáticas e Justiça Social, realizado entre 08 e 10 de junho, em Brasília, manifestaram sua indignação e repúdio ao massacre promovido pelo governo do presidente Alan Garcia. Entregaram uma Carta Aberta à Embaixada do Peru no Brasil, endereçada ao Embaixador Hugo de Zela.

Outras organizações também escreveram notas de repúdio ao ocorrido, somando-se na luta contra as tentativas de neo-colonialismo na América Latina. A Juventude LibRe manifesta sua indignação com o massacre de Bágua, e não medirá esforços para denunciar a violência do Estado peruano contra os povos que lutam legitimamente pela sua auto-determinação.

Fontes:
http://zurdo-zurdo.blogspot.com/2009/06/peru-os-indigenas-contra-o-estado-e.html
http://www.jornada.unam.mx/ultimas/2009/06/12/presidente-peruano-denuncia-201cgenocido-de-policias201d-en-la-amazonia
http://www.jornada.unam.mx/2009/06/12/index.php?section=mundo&article=026n1mun
http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=6931
Mais fotos:
http://dignidadbolivariana.blogspot.com/

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